quarta-feira, 20 de março de 2013

Desafio Rostos da diferença - o terceiro


E cá vamos nós para o terceiro testemunho do Desafio Rostos da Diferença, o primeiro e o segundo podem ver aqui e aqui. Se bem se lembram, trata-se de relatar as experiências que cada um de nós tenha tido com pessoas que, com grandes ou pequenos gestos ou mesmo atitudes positivas, nos tenham marcado o dia ou quem sabe a vida. O principal objetivo é dar rosto a quem faz a diferença e incentivar outros a fazê-la no dia a dia.
 Desta vez foi a Maria M. do blogue Esqueci-me de viver, que em boa hora aceitou o desafio. Muito obrigada Maria, a tua história é comovente e neste caso até acho que temos dois rostos que fazem a diferença, em vez de um só! Tu és um deles!
Bem hajas pela colaboração!


Recuei no tempo, há cerca de 20 anos atrás. Nessa altura ía com frequência a uma churrasqueira, onde trabalhava um senhor de cor. Muito simpático e educado.
Certo dia, achei-o muito abatido, conversámos mais do que o habitual e o senhor confessou que estava muito doente, sem dinheiro para comprar os medicamentos, para pagar a casa e que nem dinheiro tinha para comerem.
Ele era o único sustento da família, porque a esposa encontrava-se com um grave problema  de coluna e o filho desempregado.
Ali naquele momento, só pensava numa solução para o ajudar.
Tirei 10 contos da carteira (10.000.00 = 50 euros, porque há 20 anos ainda não havia o euro), juntei mais algum, dos amigos que estavam na churrasqueira nessa altura e fui a minha casa.
Desde peixe congelado, carne, mercearia, entre outras coisas, meti tudo em sacos e fui de novo à churrasqueira, entrega-los ao senhor, juntamente com o dinheiro que juntei.
Digo-vos que aquele rosto marcado pela doença, encheu-se de lágrimas e não tinha palavras para me agradecer. Só conseguiu dizer-me muito obrigado.
Passado pouco tempo, deixei de o ver e vim a saber que tinha falecido.
Chorei por não ter conseguido ajuda-lo mais.
Passado 1 ano, tocaram-me à campainha de casa e apareceu-me  uma senhora, com um saquinho de plástico na mão, a dizer-me que era a esposa do senhor X, que tinha falecido há 1 ano.
Acreditam que me veio entregar uma toalha de chá, em linho e renda feita por ela.
Fiquei muito aflita e disse-lhe que só tinha pena de não ter conseguido ajudar mais e que não o fiz para receber nada em troca.
A senhora olhou-me fixamente, com as lágrimas a correr pelo rosto e disse-me que o marido antes de falecer, lhe pediu que me fizesse essa toalha, mas como não tinham dinheiro, foi juntando durante um ano e lá estava ela à minha porta para cumprir a promessa feita ao marido.
Nisto tudo já passaram 20 anos que o senhor faleceu e 19 anos que a esposa me entregou a última vontade do marido.
Guardo a toalha, como um dos meus grandes tesouros e sei que no mundo existem pessoas maravilhosas como estas.


E não se esqueçam, para participar basta mandar o vosso relato para proximacurva@hotmail.com, terei todo o prazer em o publicar, evidentemente com link para o vosso blogue, caso o tenham. Juntos podemos assim, de uma forma simples, marcar também a diferença.

Fiquem bem!

10 comentários:

  1. Olá Maria,

    Tenho um selo para ti no meu cantinho.

    Bjs,
    MJ

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    Respostas
    1. Olá Maria João!
      Obrigada pela visita e pelo selinho! Já lá passo!
      Beijinhos!

      Maria

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  2. Olá Maria:)

    Adoro conhecer histórias que nos marcam:) Muito comovente...

    Beijinhos

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    Respostas
    1. Olá formiguinha!
      E tu...não tens nenhuma destas experiências para partilhar?
      Bjs

      Maria

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  3. Obrigada pela partilha Maria. Vou partilhar no meu pode ser?
    Beijinhos

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  4. Que história bonita de bondade e de ajuda...esse senhor deve ter descansado em paz por pensar que no mundo existem pessoas assim ;)

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    Respostas
    1. Sim e ele próprio soube também fazer a diferença...!
      Bjs
      Maria

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