Hoje no Desafio Rostos da Diferença, a companhia de uma queridíssima e especial amiga a Suri do blogue Suricate com o qual me cruzei por certo num dia de sorte :))!
Um emocionante texto em duas partes, em duas datas num só tema...a diferença do amor nas pequenas e nas grandes coisas...Não deixem de ler!!!!
« Julho de 2011
"What we do for ourselves dies with us. What we do for others and the world remains and is immortal"
Albert Pine
"We cannot do great things on this Earth, only small things with great love."
Mother Theresa
Não tenho pretensão de fazer grandes coisas nesta passagem pela vida, mas sem dúvida que me trás uma sensação de bem estar imensa comigo e com o mundo, quando faço pequenas coisas, pelo Outro, com muito amor. Se tivesse um dia a dia perfeito gostaria que ao deitar-me uma das últimas coisas que cruzasse o meu pensamento fosse a resposta à pergunta:
" O que fizeste tu hoje bem e de bom para o Outro?"
Hoje por exemplo, comecei o dia a dar sangue, faço-o sempre que posso, pelo Outro e por mim. Viajando no tempo em busca do porquê desta minha forma de pensar consigo identificar duas influências que marcaram a minha personalidade.
Para não variar, a minha mãe, era uma pessoa tão fria , tão fria, é melhor deixar os adjetivos para o fim que só ajudava alguém se daí adviesse uma de duas coisas, ou ela ganhava com essa "ajuda", ou a pessoa depois pagava a dobrar"...se não pagasse ela fazia questão de lhe lembrar o resto da vida que um dia tinha ajudado.
O meu pai dava de mãos abertas, quase sempre em prejuízo de si próprio...
Na loja por exemplo, se era alguém que ele sabia não ter mesmo, mesmo possibilidades de pagar:
"Ai SR. T hoje não levo que não tenho dinheiro!"
"Leva, leva depois paga-me no fim do mês."
O fim do mês muitas vezes nunca chegava e ele sabia disso.
Vi-o muitas vezes a meter artigos nas bolsas das clientes mais idosas com menos possibilidades, e elas só davam fé certamente quando chegavam a casa.
Era engraçado era vê-lo a atender turistas (normalmente de pé descalço), ele via-os tão andrajosos, que julgava:
"Coitados o melhor é dar-lhes uma ajuda!"
Então se algum estrangeiro entrava a pedir indicações, o que é que o meu pai fazia? Ora pois claro, fechava a loja, metia-os na carrinha e ia levá-los ao sítio (normalmente Ribeira, o Cais) isto apanhava-os sempre tão desprevenidos que mal tinham tempo de perceber o que se tinha passado, despediam-se com grande carinho do meu pai e lá vinha ele todo contente e eu ria-me com as caras de espanto com que eles invariavelmente ficavam.
Se eu quisesse agora gabar-me muito, diria que sou parecida com o meu pai, mas não é verdade, não porque não goste de dar, gosto e gosto muito, mas porque para o meu Pai todo o ser humano era bom até lhe provarem o contrário, eu aprendi às minhas custas que isso não é verdade e por isso digamos que hoje, sou uma crente desconfiada na bondade do ser humano, por isso fico genuína e sinceramente surpresa quando vejo alguém fazer o bem sem esperar nada em troca.
Eu, pela minha parte, pudesse eu e faria muito mais, assim fico-me pelas pequenas coisas com muito amor.
Março 2013
O meu pai era o meu companheiro, o meu ponto luz numa meninice que foi complicada, era o colo onde eu encontrava o mimo que não recebia da minha mãe, na juventude era a ele que confiava os meus segredos os meus amores e desamores, foi a ele que entreguei muitas das minhas lágrimas e para a minha profunda tristeza ele tinha sempre um gesto, uma palavra.
O meu pai não era católico, a família seguiu-lhe os passos, eu incluída, mas chegou a juventude, chegou a rebeldia , chegaram os porques e os porquês, eu queria resposta para tudo. Vieram os desentendimentos, as discussões quase diárias e os confrontos e inevitavelmente um dia em que eu disse "Basta!"
Escrevi uma carta e expulsei-me a mim própria, uma vez que era da praxe o líder da comunidade expulsar os pecadores...eu não lhe quis dar esse prazer e saí pelo meu pé e pela porta da frente!
Nesse dia morri para o meu pai, uma vez que mandam as regras daquela seita que quem sai nunca mais poderá ter laços com quem fica e isso inclui separar pais de filhos e filhos de pais, os laços familiares não interessam, fala mais alto o fanatismo.
De uma só vez perdi o enfermeiro/médico, o companheiro de todas as horas, o amigo, mas acima de tudo, perdi-te pai.
Sei que não falas comigo, sei que não vais ler isto, mas gostava apenas de te dizer que tenho saudades das nossas conversas que desde que não incluíssem religião eram amenas, agradáveis e divertidas.
Tenho saudades do passar das tuas mãos ásperas no meu cabelo, tenho saudades de fazer cavalinho no teu joelho, tenho saudades de quando me dizias "porque choras minha filha, porque não acreditas no teu pai se te digo que és linda, filha..." nunca mais acreditei em ninguém, e aviso-te já que estou zangada porque nunca mais ninguém me veio atracar os cobertores a meio da noite como tu fazias, nunca mais as bolas de berlim foram cremosas, doces e fofas como as que tu compravas só para mim ao domingo e nunca mais os passeios na Ribeira tiveram cheiro de tremoços e azeitonas no fim das tardes de Verão...tenho saudades tuas paizinho.»
Suricate
Sem comentários...porque deles não necessita o que acabaram de ler, desejo a todos um magnífico fim de semana ...transbordante de amor!
Bem hajam queridos amigos!
Maria...meu momento de leitura acabou de ser feito!
ResponderExcluirObrigada e bom fim de semana!!!
Obrigada eu pela companhia e carinho sempre por aqui!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Oi Maria,quantas saudades temos das pessoas queridas!
ResponderExcluirLindo texto.
bjs e um ótimo final de semana.
Carmen Lúcia.
A vida às vezes afasta-nos mesmo daqueles que mais amamos e fizeram a diferença na nossa vida... é doloroso!
ExcluirBeijinhos
Maria
Oi Maria,
ResponderExcluirque lindos textos! Faz a todos pensar na sua relação com alguém tão especial...
Querida, passando pra te desejar um lindo fim de semana, e desculpar-me da ausência nos blogues (teu e meu)... coisas!
Bjkas
Mila
Bem vinda querida!!! Nada a desculpar, nesta coisa de visitas e comentários, faz-se o que se pode e o que apetece...só assim vale a pena...eu por aqui por exemplo tenho tido imensa dificuldade em continuar a publicar e a comentar...tenho estado numa época de muito trabalho...!
ExcluirBeijinhos
Maria
Amei o seu blog... já estou te seguindo...venha me fazer uma visitinha também e se gostar me siga...o endereço é www.gisellemaisfeliz.blogspot.com.br
ResponderExcluirBem vinda Giselle , obrigada pela visita, pelo comentário e por ter ficado a seguir, deve ter havido algum erro porque não aparece nos seguidores...Terei todo o gosto em ir visitar o seu blogue!
ExcluirBjs
Maria
é possível que já esteja tudo dito, mas não sai, sem dizer o quão penoso é, alguém ser uma outsider para aqueles que sempre amou!
ResponderExcluirSim é por certo muito penoso!
ExcluirBeijinhos
Maria
Maria, muito obrigada por teres passado no meu blog, dando-me a oportunidade de ler este post maravilhoso!
ResponderExcluirBem vinda Alex, eu é que agradeço a visita!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Tenho um nó no estomago... não consigo falar nem escrever grande coisa... deixo um bjo gigante para a Surizinha e tb p ti Maria com mtas saudades vossas!!!
ResponderExcluirOi Melzinhaaaaaa...saudades de ti!!!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Gostei muito deste momento Maria ,peço desculpa mas estou com uma gripe ,beijinhos Maria
ResponderExcluirAs melhoras querido amigo!!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Que lindo texto :)
ResponderExcluirBeijinhooo*
www.flordemaracuja.pt
Sim a Suricate sente escreve do fundo do coração!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Um abraço para a autora do relato! Beijinho para si Maria! Manuela
ResponderExcluirObrigada Manuela!!!!
ExcluirBeijinhos
Maria
Obrigada a ti Maria pelo espaço, pela voz que me deste:)
ResponderExcluirObrigada a todos pelo tempo que me dispensaram e pelos vossos comentários, até sempre!
Jinhoooooosssssss minha querida e doce do coração.
Obrigada pela tua intensa participação querida amiga do coração!!!
Excluirbeijinhos
Maria
Esta Suri consegue sempre surpreender-me. Depois de tudo porque passou podia ser uma pessoa amarga, revoltada. Mas não, é apenas uma crente desconfiada e está sempre, sempre pronta a ajudar.
ResponderExcluirE sim, nisso saíste ao teu pai. Todas as pessoas têm um lado bom e um lado mau e o teu pai tinha/tem esse lado bom que tu herdaste. E sim, és linda, tal como ele te dizia. Mesmo que já não acredites nele, podes acreditar em mim que nunca ti vi mas já te leio há mais de um ano e sei. Porque sim. Porque só podes ser linda. :)
beijinho grande às duas :)