Um grande susto...

O dia de ontem foi mau demais e mexeu comigo de uma forma de que já não me lembrava há alguns meses, desde que a última intervenção cirurgica do maridão tinha revelado a vitória tão aguardada sobre a doença com que lutou desde 2010. Mexeu comigo pelo agravamento da sua saúde, mas também porque desta vez a P. foi sujeita a uma pressão dolorossíma para ela. 

Era dia de jogo de basquet para o F. e como ainda obrigava a uma deslocação significativa ficou decidido que o levaria eu, uma vez que  o pai não tem andado bem e aguarda resultados dos novos exames e consulta no IPO.

No meio do caminho de volta e conduzindo na Ponte Vasco da Gama, sou surpreendida por um telefonema...o número é do maridão mas é a voz da P. que surge ansiosa...«Mãe, o pai sentiu-se mal e estão a chamar o INEM para o levar»...Calculam, o meu susto, a minha impotência mal sabendo a gravidade da situação, mas sabendo que a P. estava a enfrentar tudo sozinha no meio de estranhos, apenas com 11 anos. Para além do mais havia ainda de tentar manter alguma calma para fazer o resto do percurso sem acidentes e tentar sossegar o F. que assustado fazia os telefonemas que eu por estar a conduzir não podia...Só quando cheguei ao local, depois de uma condução acho que no limite do desastre, de piscas abertos, avisando da urgência, me apercebi da totalidade do que se passava. A ambulância estava parada à porta do restaurante onde a P. almoçava com o pai...e assim que sai do carro vi-a correr para mim aflita...a ambulância aguardava para seguir para o hospital e a estabilização não estava a ser conseguida com sucesso, mantendo-se o nível de tensão arterial abaixo dos limites considerados seguros.  Seguiu-se o hospital até à noite e felizmente a volta a casa com medicação forte.

Deste grande susto fica como ponto positivo a presença de espirito da minha filhota no meio da aflição de ver o pai desmaiar à sua frente...foi ela que pediu ajuda, foi ela que falou com o 112, ajudada pelos senhores do restaurante, foi ela que disse antes que ele era diabético e era preciso dar-lhe um pacote de açucar e foi ela que só depois disso tudo e tal e qual como tantas vezes a ensinei (primeiro prestar os cuidados possíveis e só depois perder tempo a avisar-me), me telefonou. Desde muito cedo, ensinei à P. e ao F. o que deviam fazer se estivessem sozinhos perante uma situação como esta...foi a primeira vez que aconteceu e só espero que não se repita, doi-me o coração de pensar no sofrimento da minha pequenota a tentar acertar sozinha numa situação como aquela...«pensava que estava preparada mãe, mas não estava...»...Querida filhota...ninguém está nunca preparado...mas tu estiveste à altura do que se passou....tão à altura minha querida!

Bom dia e bem hajam meus amigos!