Querido pai...não consigo..dizer adeus....ainda não!

Sei que partiste, mas o meu coração não me permite admiti-lo...não ainda...nele quero ser para sempre a menina pequena que levavas pela mão aos saltos...aquela que, de caracois e touca  amarela, fitava a câmara com que orgulhoso a fotografavas...aquela que te fitava com olhos perscrutadores de futuro no presente de outrora, tão feliz...aquela que no albúm de fotografias ficará para sempre contigo nessa felicidade sem complicações ou dores.

Infelizmente ficará para sempre também a dor de saber que não cheguei a tempo de ter ver antes da tua grande viagem, apanhada ironicamente bem longe, numa outra minha, e enquanto me debatia com burocracias e voos de regresso...não pudeste esperar. 

Querido pai....sei que estavas muito cansado e que não convivias bem com a tua debilidade atual que te destroçava o coração e te deixava sem interesse pela vida...sei que mesmo assim até ao último momento fizeste  tudo por todos e morreste a caminho de o continuar a fazer, sabendo que estavas muito doente mas nunca o admitindo a ninguém nem te deixando vencer por isso até ao derradeiro momento...sei que morreste como querias em pouco tempo, sem dar trabalho a ninguém....Mas não consigo...não consigo ainda dizer adeus. Atrás de ti deixas um vazio sem tamanho e a mudança total de tantas vidas....Apenas me sossega que tenhas partido sem saber do estado da minha saúde...descansa agora em paz querido pai, que Deus esteja contigo e te abençoe para sempre.