
E num primeiro direto à minha vida real, heis que me deparo esta semana com um dos pequenos terrores de qualquer mãe (e saliento pequenos por respeito a outros realmente graves). Sozinha em casa...com os dois pequenos a arder em febre, da gripe que trouxeram da escola, e um marido em recuperação e que é preciso afastar por ser, demasiado perigoso para a sua imunidade ainda fragilizada.
Nada disto será novidade para vocês mães...! Todas sabemos que acontece inevitavelmente na semana em que no trabalho preparamos o mais importante evento, temos marcada a mais decisiva reunião ou onde a nossa presença se impunha no acompanhamento da implementação de um projeto em preparação há muito...! Mas não...essa não era a semana que nos estava destinada! Em vez disso preparamo-nos heroicamente para o que aí vem, logo após o telefonema da escola a começar invariavelmente «sabe mãe...
o F não se está a sentir bem...se calhar era melhor a mãe....»...Nem chegamos a ouvir o fim da frase no frenesim de atulhar um molho dos ainda há pouco importantes documentos na pasta (não que pensemos realmente trabalhar neles...), e já esquecidas de qualquer outra responsabilidade nos lançarmos para o carro, rumo à escola como se não houvesse amanhã para recolher a cria. Entrámos em modo de mãe cuidadora..nada a fazer!
Depois...bem depois são as bem conhecidas e longas noites de olhos meio abertos, atentas à respiração apressada da febre à hora da próxima medicação, os ouvidos alerta a qualquer gemido ou chamamento...os dias a dar «colinho» e mimos (não importa a idade que tenham) e a tentar que a sopa não seja cuspida pelo mau sabor que a febre dá....espreitando pelo canto do olho o caos que se vai instalando na casa e acudindo de 5 em 5 segundos à vozinha fraca e dengosa... « Mamã tenho sede », «Mamã doí a cabeça », « Mamã fica comigo ».
Depois de três dias as melhoras começam a fazer-se lentamente sentir e a esperança chega...cura à vista!!!...ou não...! Nesse mesmo dia a P chega da escola murchinha, arrastando os pés...«Estou cansada mamã, doí-me a cabeça..». Olho-a nos olhos e vejo neles o brilhinho especial da febre...E lá vamos nós de novo!
Que ninguém veja porém em nenhuma destas palavras, vestígio por pequeno que seja de qualquer queixa. Ser mãe é uma benção...em qualquer momento! No meu caso a maior benção de todas! Talvez um dia vos conte!
Bem hajam e atenção à próxima curva!